
Aqui estou eu em um pleno encontro comigo mesmo. 25 anos se passaram após o rasgar do choro de meu nascimento, e agora, vejo o rasgar do meu peito deixando transbordar todas as verdades sobre mim. Sim, aqui estou.
Recordo-me como se fosse neste exato momento toda a minha adolescência até os dias de hoje. Escorrego em minhas atitudes do passado e dou de cara com o filme de todos os tombos. Alguns cômicos, outros trágicos. Mas, este sou eu.
25 anos de muitas histórias, ou melhor, 9125 dias vividos envoltos por um busca inexplicável. Sinto-me confuso, sem nexo, perdido, assim como esse texto possa parecer. Talvez seja o receio da exposição, ou até mesmo a vergonha de assumir que muitas vezes eu errei. Posso continuar a errar caso eu não utilize do agora para fazer diferente.
Sempre fui descompromissado. Buscava meus próprios interesses, tudo o que me era cômodo ou conveniente. Desejava estar sempre tranquilo, em um estado confortável e perceber tudo e todos girando em torno da minha forma de compreender a vida. No fundo, trazia escondido em mim o desejo de ser pertencido, me sentir profundamente amado, esperado e querido e uma vez que não fui correspondido, procurei possuir tudo e todos a todo custo.
E, de fato, eu consegui. Ou melhor, conseguia enquanto havia os holofotes, o brilho das luzes, o barulho, os likes a todo vapor no instagram e os comentários tão repetitivos em minhas fotos. No fundo eu queria atenção, ser visto, estar com alguém. E foi neste desejo que deixei-me levar pelo superficialismo da vida, busquei-me "renovar" nos modismos para nunca estar fora de moda e sempre estar no "trend topics". Mas, mais uma vez eu caía na ilusão. Todo o esplendor das festas, presenças e possibilidades se esvaiam com o raiar do dia, e não só: nada do que eu cultivava permanecia em minhas carências e lutas interiores. Nada!
Assumir compromissos sérios?! Minha grande fragilidade! Buscava sentido, satisfazer-me no sentido da vida, fazer valer a pena todo o meu esforço. Mas, eu era preso. Preso nos medos, nos pensamentos dos outros, nas "tendências". Na busca de ser autêntico e construir minha identidade, eu me fechei. Tanto me fechei que cá estou, perdido em mim mesmo. Olho para trás e diante das oportunidades de ser feliz verdadeiramente, vejo o quanto fui frouxo, lento, inconstante e incapaz. E, todos estes 25 anos que posso contemplar, já não me pertencem mais. Tudo passou e o tempo, não voltará.
Cabe-me o agora. Mesmo tão confuso, inquieto, sem entender e pouco a pouco descobrindo, vejo necessário amadurecer. Não devo mais agir como um imaturo a criar sempre novas desculpas esfarrapadas diante de grandes propostas para desfrutar a vida. Não devo mais criar casos e situações, e assim perder a confiança dos outros. Não devo mais me desperdiçar em tanta superficialidade, jogos de interesse e pobreza de esperança. Quero viver. Tenho sede de viver.
Caminharei. Talvez pudesse ter sido diferente se eu não me entusiasmasse com o poder ilusório das desculpas esfarrapadas, mas esta é a minha história (ou melhor, foi até ter-me decido por fazer diferente). Só quero, no hoje, desfrutar a vida. Apenas isso.
Créditos da imagem: Acervo Tumblr.