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Mochilas, muletas e a vida humana






Fizemos alguns box de perguntas em nosso Instagram e com base nisso detectamos uma questão que de 100 stories, 90 tinham: medo. Isso nos fez refletir sobre o quanto o medo tem paralisado as pessoas e é sobre isso que quero conversar um pouco.

Inicio com duas referências, para que esse texto seja o mais prático possível:

Primeiro, traço um paralelo com a minha experiência em canto coral. Explico. As músicas têm divisão por vozes, onde cada grupo de pessoas faz uma melodia, geralmente elas são bem diferentes umas das outras, mas juntas, quando executadas da maneira correta, formam os acordes. Se um erra, toda a música perde sua beleza, fica uma coisa destoada, horrível de se ouvir. E, acreditem, não é fácil “segurar” sua voz enquanto há outras 10 pessoas cantando coisas diferentes. É então que você precisa tomar uma decisão: ser muleta ou ser mochila.


No canto, muleta seria aquela pessoa que sustenta as notas, que estudou a música e só precisa do maestro para dar as entradas e os tons, de resto ela vai sozinha. A mochila é aquela pessoa que se você deixar sozinha cantando, nada sai. Ela precisa de alguém de seu naipe ali do lado para que ela pegue uma “caroninha”. Não raro, quando um erra, os maestros falam: ê, mochila!


Demorei dois parágrafos para contextualizar e então lhe perguntar: na sua vida afetiva/espiritual/profissional está sendo mochila ou muleta?

Outra referência é a que um dia um Padre me falou (provavelmente ele leu num outro lugar, qual não sei, por isso ele é minha fundamentação aqui): existem dois tipos de pessoas - as que encontram problemas e as que os resolvem.

E o que tudo isso tem a ver com o medo que muitos de nossos leitores relataram? Tem tudo a ver!

Esse medo tem paralisado muita gente e servido de muleta para que a vida siga.

Ao invés de ter medo, deveríamos encontrar formas de superá-lo. No lugar de parar e reclamar, deveríamos mexer o corpo e ir atrás daquilo que precisamos ter hoje para que amanhã sejamos melhores.

Dou exemplos, pois nos pediram para ser práticas nos textos.

Alguns rapazes disseram que têm medo de não fazerem as moças felizes. Ora, não é mais fácil você primeiro ter uma namorada, conhecê-la e então buscar formas de que ela seja muito feliz com você? Para isso você precisa abdicar de muita coisa, de muitas manias, para agradá-la. Está disposto? Alguém disposto a isso, não deve sentir medo, deve dar sua vida em jogo para encontrar alguém. Pode começar fazendo sua mãe feliz, amando-a, servindo-a, a ela e às suas irmãs. Seja um homem virtuoso em casa, não sendo apenas gerador de boletos, mas pagando-os também (para citar uma resposta da Thais Schmidt em uma questão num box de pergunta certa vez).

Umas mulheres falaram do medo de não encontrar um marido, de não conseguir cuidar da família, dar uma boa educação aos filhos. Mas então, o que está fazendo com essa angústia? Parada contra a parede de cócoras repetindo: eu sou inútil, pobre de mim, estou sozinha, não sou capaz? É óbvio que esse não é o caminho. O medo aí precisa ser o gás que você precisa para formar-se desde já para ser essa mulher que você quer ser. Comece cuidando da casa que você mora, não seja uma menina mimada que nem a louça do almoço lava, que não sabe sequer pagar uma conta, que a tudo tem os pais para resolverem. Pare agora, e seja mulher desde já. Não seja mochila na sua família, seja muleta! Mas, lembre-se, seu homem pode nunca chegar, você pode nunca ter filhos, isso pode acontecer. Quem garante que não? A Deus cabe nossa vocação e futuro. Portanto é primordial que não se viva a vida buscando esses dias chegarem. Não use como muleta um futuro que você nem sabe se virá. Viva o que você tem hoje, faça o seu melhor na sua condição hoje, e tenha foco na vida eterna.

Não espere casar para ter uma vida de oração, tenha-a hoje! Seu futuro parceiro pode precisa de você forte.

Outras pessoas estavam aflitas por algumas práticas devocionais, dentre elas, o uso do véu. “Tenho medo do que vão pensar”. Ora, algo falta aí, se tem medo. Busque entender essa prática – há vários textos na internet fundamentando o uso do véu. Busque conhecer sua paróquia e perceber se ela está preparada para isso, ou se você será um fardo. Converse com seu pároco, e peça permissão! Sim! Porque a obediência é importante. Você não vive uma vida espiritual à parte da Igreja, mas sim em comunidade e essa humildade frente ao sacerdote é importante. Antes de tudo isso não estar acertado, não indico que use. O véu tem como fim ajudar na oração durante a Santa Missa. Usar ele e ficar distraída preocupada com mil coisas, não seria a melhor opção. Perdeu-se o fim. E, por favor, parem de fazer do uso do véu um desfile de moda. Só parem.

Veja bem, não é necessário que se instaure uma nova Guerra Mundial por causa do véu. Não seja mochila! Ajude sua comunidade formando-os, com caridade, dê cursos, se reúna com as mulheres, busque conversar com seu pároco, seja muleta! Seja luz na vida dos outros, não um peso desnecessário. A caridade precisa ser maior que o desejo de tretas!

Tudo isso pode ter como raiz a falta de maturidade e o egoísmo.

Devemos pensar mais nos outros, sair do nosso mundinho e olhar ao nosso redor. O que preciso fazer para ser um amigo melhor? Preciso estar mais presente? Então, esteja e comece hoje! Como posso ser um filho que honre mais os pais? Lavando minha roupa, ajudando em casa na limpeza e nas contas? Pois façamos! Como posso ser um companheiro melhor para minha namorada ou para minha futura namorada (e vice versa para mulheres)? O que for necessário para que você seja mais maduro e menos mimado, faça! Na vida profissional o que falta para que você seja alguém que soluciona problemas? Na vida espiritual há algo que você precisa parar de esperar para começar a ser melhor?

Chamo-os para o hoje, o agora! Saiamos do nosso mundo paralelo de vida futura. Corra de volta, antes que se perca tempo demais.

Tenha metas claras de vida, para que aproveite melhor seus dias. Precisamos acordar do nosso egoísmo e começar a viver para ser muleta aos outros, e ao mesmo tempo abandonar nossas próprias muletas que nos servem de desculpas para não sermos melhores pessoas hoje. Siga o lema do Dr Ítalo Marsíli: Trabalhe, sirva, seja forte e não encha o saco.

Fonte: Modéstia e Pudor

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