
Dessa vez não vou citar livros, pesquisas acadêmicas, ou revisões bibliográficas. Meu texto de hoje é sobre uma experiência que venho vivenciando há alguns anos…
Tudo começou na minha fase de adolescência: alterações hormonais gerando oscilações de humor e intensidade nos sentimentos e sensações. Tinha dias que me sentia linda; tinha dias que me sentia horrível. Tudo o que eu vivenciava era muito intenso: se me alegrava, me alegrava muito! Se me entristecia, entristecia muito! Acho que nessa época é importante os pais e irmãos mais velhos conversarem com o adolescente e mostrarem que certo extremismo em vivências e opiniões é algo orgânico, ou seja, influenciado pelas alterações biológicas do período. O fato é que às vezes eu gostava de me arrumar e ser legal com todo mundo, e às vezes meu mau humor era visível por minhas roupas, palavras e atitudes.
Conforme fui amadurecendo e saindo da adolescência – quando percebemos que o mundo não gira ao redor de nosso umbigo – fui me dando conta de que ninguém tinha nada a ver com meu humor.Todos temos problemas, em maior ou menor grau, e lidar com as pessoas de forma grosseira só torna o dia delas pior.
Comecei com pouco: tentar ser gentil. O que custa, mesmo se não estamos bem, dar um sorriso? Oferecer ajuda? Ceder o lugar no ônibus? Agradecer olhando nos olhos? É um esforço grande ser legal quando nós não estamos bem, e pode ser que não consigamos fazer isso o dia todo, mas percebi que esse esforço melhorava meu dia.
Depois resolvi lapidar minha aparência. Se na adolescência quando eu estava bem, me vestia com maior cuidado, e quando estava mal, colocava qualquer roupa, nessa nova etapa tentei fazer algo diferente: sempre tentar me vestir bem. Não falo de usar roupas caras ou “de sair” a todo momento. Falo de colocar uma roupa limpa, passada, um brinco simples, um batom, cabelo penteado, aparência asseada. Percebi que isso transformava o modo como as pessoas me tratavam… Elas pareciam mais gentis comigo!
Resolvi usar mais saias e vestidos delicados, maquiagem leve, perfume suave, sapato bem cuidado. Eu saía de casa, mesmo que fosse para dar uma passada na padaria, e percebia que era tratada de uma maneira diferente de quando eu me vestia com camiseta e chinelo. Aparência bem cuidada exigia, também, uma postura mais digna. Decidi ler algo de etiqueta, e ser mais gentil, o máximo que eu conseguisse. Comecei a tentar tratar as pessoas com o carinho e cuidado que eu gostaria de ser tratada.
No lar, melhorei minhas roupas. Nada de parecer uma mendiga. Se na universidade, trabalho e saída com amigos eu coloco roupas bonitas, por que, para minha própria família, vou usar qualquer trapo? Certa vez uma palestrante disse que o modo como nos vestimos mostra às pessoas como nos importamos com elas. Minha família merece carinho através de minha aparência!
Esta pequena história pessoal ilustra conselhos que ouvi uma vez: quando estamos vestidos com asseio e somos educados, as pessoas tendem a nos tratar com cuidado e gentileza. Isso porque passamos a mensagem de que nos valorizamos, e de que também valorizamos e nos importamos com os demais. Se eu mesma me valorizo, mostro que tenho dignidade, e este é o primeiro passo para o outro também enxergar meu valor.
Devo dizer que desde que comecei essa experiência as coisas mudaram muito. É claro que não conseguimos ser legais sempre, e que há dias muito difíceis. É evidente, também, que muitas vezes as pessoas nos tratam com desprezo mesmo quando as tratamos bem. Não importa! Receber grosserias também faz parte de nosso crescimento. O propósito está feito. Você consegue mostrar seu valor através de seus atos e aparência?
Fonte: Site Modéstia & Pudor