"Dias virão quando o noivo lhes sera tirado..." (Is 58,1-9; SI 51; Mt 9,14-15)

Na vida cristã há momentos de alegria e plenitude e momentos de dor e luto. Todos os momentos envolvem uma graça; do diferentes maneiras de seguir Jesus. Tanto a penitência como a celebração festiva da fé são evangélicas e santificadoras no momento oportuno.mais fácil apegar-se 'as normas, tradições... do que estar aberto à novidade de Deus.
- Comece sua oração fazendo os "preâmbulos" costumeiros: preparar- se para o encontro com o Senhor, fazer a oração preparatória e suplicar a graça indicada para esta semana.
- Prepare o terreno do coração, lendo com atenção as indicações a seguir.
Mais uma vez, diante das armadilhas da religião, a atitude de Jesus é claríssima. O culto que agrada a Deus nasce do coração, da adesão interior, desse centro íntimo de onde nascem nossas decisões e projetos.
Em toda religião há tradições "humanas": normas, costumes, ritos, devoções.. , que nasceram para ajudar a viver a experiência religiosa em determinada cultura. Podem fazer bem; mas podem causar muito dano quando nos dispersam e nos afastam da Palavra de Deus. Elas nunca devem ter a primazia. Nunca podemos esquecer o que é essencial.
Para Jesus, o importante, no jejum, não é o que fazemos, mas o que Deus faz. Não estamos fazendo algo, mas estamos nos deixando fazer por Deus. Na tradição dos Padres do Deserto, o jejum é o meio que nos possibilita criar um "espaço vazio" em que o Espirito possa repousar, permitindo-nos distinguir o essencial do supérfluo.
Portanto, o jejum é um tempo em que damos maior liberdade a Deus para agir em nós, "ordenando" nossos afetos e orientando nossos impulsos instintivos. Por isso, a melhor penitência é "abrir espaço para Deus"; em outros termos, "jejuar é dar espaço para outras fomes" (N. Bonder).
Onde creio encontrar Deus? Nas normas, nos ritos, nos sacrifícios.. , ou no coração? Sem dúvida, a atitude pessoal será diferente se O experimentarmos no mais profundo de nosso ser e no serviço em favor da vida. No primeiro caso, haverá fanatismo, legalismo e moralismo; no segundo, respeito, amor, compaixão e serviço.
O decisivo, como recorda Jesus, é o lugar onde vivemos a experiência de encontro com Deus; ou seja, a experiência imediata e direta de nos sentirmos em conexão com o Mistério que habita todos os seres, de modo que, por isso mesmo, sejamos capazes de reconhecê-lo em cada um deles,tal como o reconhecemos em nós mesmos.
O que Jesus deixou claro, com sua forma de viver e com seus ensinamentos, é que o centro da religião não está nem no templo, nem nos rituais, nem no sagrado, nem na submissão 'as normas religiosas, nem nos dogmas e suas teologias. Está em um modo de viver, que se centra e se concentra na bondade para com todos de maneira igual, no amor sem limitações ou condicionamentos, no serviço gratuito e generoso.
Isso se traduz e se realiza no respeito ã vida humana, na defesa da vida, da dignidade e dos direitos da vida humana. Jesus ampliou e estendeu ã vida inteira essa experiência de encontro com o Pai; portanto, ela não está reduzida a determinados momentos da vida, a espaços separados, a ritos privilegiados... Seu modo livre de ser e viver nos revela "a humanidade de Deus".
- Agora, numa atitude reverencial, leia calmamente o Evangelho do dia.
- Na oração, dialogue com o Senhor: diante dele procure des-velar (tirar o véu) e verificar se sua vivência cristã está mais centrada no cumprimento de normas, ritos, leis... ou no serviço e cuidado para com os outros. Seu "culto" a Deus é expressão de um compromisso ou um rito vazio, assumido por imposição? Sua experiência de encontro com
Deus só se dá nos momentos de celebração ou no ritmo da vida?
- Termine agradecidamente a oração, saboreando o Salmo de hoje. Registre em seu "caderno de vida" as experiências de consolação ou desolação que se fizeram presentes durante a oração.