"Não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Is 58,9-14; SI 86[85]; Lc 5,27-32)
Jesus, o homem das "grandes viradas". Ele literalmente virou as mesas" de muitas pessoas. Jesus arrancou Mateus de sua "mesa" (mesa que o distanciava dos outros, mesa da traição do seu povo e que o tornava colaborador do império romano, que o fazia sentir-se inimigo do povo, mesa da exploração, da solidão, da acomodação, da fixação... Mesa da morte).
Em casa de Mateus, fundou a mesa da comunhão, da partilha, da festa, mesa da fraternidade onde todos se sentem iguais... Mesa da vida. Trata-se de uma mesa provocativa, questionadora, incômoda.. , que requer mudança de lugar, de mentalidade, de atitude... transformação interior. "Virar a mesa", eis a questão!
- Antes de iniciar a oração, crie um ambiente externo e interno para a escuta e intimidade com o Senhor (escolha o lugar, marque o tempo, desligue os aparelhos eletrônicos, silencie).
- Dê vida aos "preâmbulos": oração preparatória costumeira, "composição vendo o lugar", a petição da graça indicada para esta semana.
- Em seguida, comece a aquecer o coração com os seguintes "pontos para a oração".
A prática de Jesus que mais causou espanto e escândalo foi a partilha nas mesas com pobres e pecadores. Para Ele, a mesa é para ser compartilhada com todos; a partilha do pão com publicanos e pecadores fazia parte das práticas transgressoras de Jesus. Comendo e bebendo com todos os excluídos, Ele estava transgredindo e desafiando as formalidades do comportamento social e das regras que estabeleciam a desigualdade, a divisão, a separação.
Jesus revelava uma grande liberdade ao transitar por diferentes mesas; mesas escandalosas que o faziam próximo dos pecadores, pobres e excluídos. Ele não só transitou por muitas mesas, mas instituiu como "marca" para seus seguidores a mesa da Eucaristia.
Porém, a aventura de sentar-se à mesa requer uma troca de "senhor". Para Mateus, a troca de mesa só foi possível a partir da troca de senhor: deixou a mesa da dependência ao imperador romano e abriu espaço interior para a presença de Jesus e dos outros. Ele correu o risco de assumir a mesa da liberdade e da comunhão.
Mateus não tinha mais mesa fixa (deixou de ficar sentado e pôs-se em movimento). Tal como Jesus, foi chamado a transitar por outras mesas (a mesa dos encontros, da criatividade, do novo, do diferente...).
Como seguidores de Jesus e impulsionados por seu Espirito, não temos mais mesas fixas; somos chamados a sair de nossas mesas para participar de todas as mesas.
Todo ser humano tende a se esconder atrás de uma mesa: distância dos outros, modos de viver fechados, mediocridade... Perigo da acomodação, da rotina, do permanecer sentado. No entanto, a "mesa da vida" aponta em outra direção: da gratuidade, da alegria, da identificação, da amizade, do convívio, do amor e da comunhão.
Reacender o "chamado fundante" é permitir ser arrancado da mesa do imobilismo e da acomodação, para peregrinar, criativamente, por entre as desafiantes e surpreendentes mesas da vida.
Precisamos "levantar-nos da mesa" cotidianamente. Há sempre um lar que nos espera, um ambiente carente, um serviço urgente. Há pessoas que aguardam nossa presença compassiva e servidora, nosso coração aberto, nossa acolhida e cuidado.
- Agora, leia o Evangelho indicado para o dia de hoje, por ser ocasionado para uma oração contemplativa: com a imaginação, entre na cena, procure olhar as pessoas, escutar o que elas dizem, observar o que fazem, participando ativamente e reservando um momento de conversa com Jesus.
- Deixe que a "entrada na cena" desperte ressonâncias em seu interior; procure dar nomes aos medos que o paralisam atrás da própria mesa. Por quais mesas você tem transitado?
Que mesa você tem proporcionado aos outros?
- Termine a oração agradecendo e louvando o Senhor por esse encontro íntimo com Ele.
- Leia calmamente o Salmo próprio do dia. Dê nomes e anote no seu "caderno de vida" os "movimentos do coração" (moções) que você experimentou.
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