"A castidade só pode ser pensada em associação com a virtude do amor. Sua função é libertar o amor da atitude utilitarista”, nos ensina São João Paulo II. Neste texto, desejo falar abertamente a todos os homens a respeito da necessidade de lutar pela castidade a fim de descobrirem a sua vocação. Em breve, lançarei um post mais voltado para o público feminino.

A descoberta da vocação particular é um marco na história de um homem. Tal descoberta é algo muito mais além do que ser meramente padre ou esposo. É, pois, assumir o estado de vida ao qual Deus o chama a viver para: alcançar a felicidade; ser complemento na realidade do outro; ser protagonista na Igreja e na sociedade.
Erroneamente (mais por questões históricas) associamos vocação apenas a um cargo, uma profissão. E não é bem assim. Um homem, com todas as suas capacidades é chamado, vocacionado primeiramente a ser pai e esposo, e dessa forma utilizar de suas habilidades em uma profissão para prover o sustento de sua família e sentir atuante na construção de sua realidade.
O estado de vida de cada homem em nenhum aspecto anula o chamado primeiro feito por Deus, ou seja, todo homem foi criado para ser pai e esposo. Até mesmo o sacerdote em seu estado de celibato é pai e esposo.
Mas, em uma realidade tão barulhenta e caótica, como o homem pode descobrir a sua forma de realizar-se aqui na Terra? De fato, é necessário silêncio, vida de oração, mergulho na história pessoal, maturidade,... e se tudo isto estivesse em um saco, poderia dizer que o nó a proteger cada aspecto destes citado seria a castidade.
"Todo batizado é chamado à castidade. O cristão se revestiu de Cristo, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade" (Catecismo da Igreja Católica, 2348).
Vivendo a castidade durante a inquietação vocacional
Quando a inquietação vocacional é despertada no coração do homem, a castidade o auxiliará a ordenar as coisas. Vamos contextualizar. Um certo rapaz, universitário, trabalhador, participante de grupo de jovens, atualmente namorando, sente uma certa inquietação ao participar das atividades da Igreja, como se Deus lhe pedisse algo a mais. Um rapaz casto nesta situação, será livre o suficiente para se localizar no contexto, descobrir o que motiva esta inquietação, silenciar, rezar e tomar decisões maduras, como por exemplo, iniciar um caminho mais íntimo e profundo de discernimento vocacional. Enquanto que um rapaz que deixa-se levar pelas ilusões da pornografia, por exemplo, se sentirá incapaz de agir com maturidade e poderá usar de tal inquietação para fugir dos problemas, podendo precipitar assim um falso discernimento.
No contexto da inquietação, a castidade é a liberdade interior que o motiva a discernir coerentemente com sua realidade e com a vontade de Deus, certo de que Ele sempre nos surpreende. A castidade é a virtude que confirma o homem em sua vocação. Por isso, ela deve ser cultivada dia por dia a fim de no final o homem possa ser plenificado.
Vivendo a castidade durante o discernimento vocacional
Durante o período de discernimento vocacional o homem se abre para a formação. A formação não é algo apenas de um encontro de final de semana ou um livro lido, é, sim, a capacidade de compreender o quanto as pessoas, os fatos e a rotina fala ao coração e inquieta-o para um desejo vocacional. Nesta fase, a castidade assume o papel de combustível para a liberdade, onde o homem livre será capaz para optar pelo bem e se encontrará com sua vocação particular, motivo de seu compromisso definitivo.
Na caminhada do discernimento o homem deve ter o coração fixo em Deus e no propósito de permanecer nEle através de sua vivência vocacional, e é esta ânsia que deve motivá-lo a viver a castidade de forma integral. Buscar ordenar pensamentos, desejos, curiosidades e ações visando a realização em plenitude, pois, a vocação é a forma com a qual Deus nos santifica, ou seja, nos lança na (e para) a felicidade.
Caros homens, irmãos, amigos e filhos, precisamos lutar pela castidade. É ela a brasa a inflamar nossos corações de amor e direção para discernirmos qual caminho prosseguir. Nessa luta, você não está só. Estamos juntos! Não desista, não desmotive, mas encontre nesta batalha o sentido da sua alegria.
Hoje vimos que a castidade é a virtude motivadora para um discernimento maduro. Na parte 02 deste texto iremos percorrer mais a fundo a necessidade de vivermos a castidade para descobrir quem verdadeiramente somos.
São João Paulo II, rogai por nós!
Por GC Bruno Lucena, FSVA.